Passados menos de dois meses após a arquidiocese de Teresina comunicar, oficialmente, que irá encaminhar o pedido de criação de uma nova diocese no estado do Piauí no município de Água Branca, a comissão defensora do projeto de criação da diocese de Valença do Piauí, que também se apresenta como candidata ao referido título, afirmou que o projeto segue firme e cumpre o seu trânsito normal e que a decisão final é da Santa Sé em Roma, após passar pelo crivo da nunciatura apostólica no Brasil.
Entenda o caso: O atual arcebispo metropolitano de Teresina, Dom Juarez Marques tomou posse na arquidiocese de Teresina em fevereiro de 2023. Cerca de nove meses após a sua posse, o mesmo colocou para apreciação dos demais bispos do estado do Piauí, que compõem o Regional Nordeste IV, divisão eclesiástica da CNBB, a proposta de criação da 9ª diocese piauiense, que seria sediada no município de Água Branca. Pelo projeto apresentado, a nova diocese será desmembrada da área da arquidiocese de Teresina, na chamada região do Médio Parnaíba piauiense e abrangeria 30 municípios, incluindo todos os 14 municípios da região valenciana. Após isso, em julho de 2024, o mesmo projeto foi apresentado ao conselho presbiteral arquidiocesano e em setembro do mesmo ano no colégio dos consultores, que é formado pela alta cúpula da arquidiocese de Teresina, por onde passam projetos e decisões polêmicas e delicadas, entre outras. O projeto foi aprovados nos dois colegiados. A partir daí, o tema passou a ganhar contornos diferentes, quando se tornou público e gerou polêmica nos bastidores diocesanos e extra-diocesanos, devido a celeridade com que tramitou, bem como pela não inclusão de outros municípios que poderiam estar credenciados, no qual Valença, em tese, se enquadraria ao posto.
Um fato que causou estranheza no meio católico foi o fato de que no último dia 16 de dezembro de 2024, depois de muitas tentativas, o arcebispo Dom Juarez veio a Valença com uma comissão arquidiocesana, onde na oportunidade, recebeu em audiência os membros do projeto de criação da diocese de Valença, onde foram explanados todos os aspectos e fatores que, segundo a organização, credenciaria Valença a ser escolhida como sede da nova circunscrição eclesiástica. Os membros da comissão se mostraram entusiasmados e bastante confiantes após esta reunião. No entanto, no final de janeiro passado, veio a comunicação oficial de que a nova diocese a ser criada seria sediada no município de Água Branca e entre os motivos apresentados na comunicação, está o fato do referido projeto já ter sido aprovado por unanimidade nos dois colegiados diocesanos, que citamos anteriormente. Pergunta-se: Se já tinha sido aprovado anteriormente, por qual motivo o arcebispo veio até Valença ouvir os defensores do projeto valenciano. Outra pergunta que não quer calar: Porque quando decidiram criar um nova diocese, não consideram outros municípios que possuem estrutura física e histórica e religiosa bem mais antiga e mais forte, como Valença? São interrogações que merecem uma resposta plausível ao povo católico valenciano e que até o momento não respondidas à altura.
Dentre os fatores apresentados para a criação da diocese de Valença, estão o seguintes: a fundação da paróquia de Valença, datada de 1741, sendo a quinta paróquia fundada no estado, portanto anterior ao município de Água Branca, fundada em 1968, sendo que até 1890, Água Branca pertencia a paróquia de Valença. Outros aspectos históricos e religiosos também foram apresentados no projeto, como a Festa de Pentecostes de Valença que é uma das maiores do estado e que já se encontra incluída no calendário oficial de festas do estado do Piauí, e que no ano de 2023 tornou-se patrimônio cultural imaterial do estado em projeto aprovado pela assembleia legislativa piauiense.
Outro fator de relevância apresentado foi a localização na região valenciana do maior santuário católico do estado do Piauí no município de Santa Cruz dos Milagres, o único santuário piauiense reconhecido, oficialmente, pelo Vaticano, sendo a terceira maior romaria da região Nordeste, atrás apenas das romarias de São Francisco em Canindé e de Juazeiro do Norte, ambas no estado do Ceará. A estrutura física também foi outro fator apresentado, com uma igreja com aspectos de catedral, construída em 1856, com arquitetura de estilo neoclássico do século XIX, entre outras características. A existência de duas paróquias dentro do município também foi outro motivo de relevância apresentado no projeto, além de fatores sociais e econômicos, entre eles: população, número de católicos, crescimento populacional, IDH (índice de desenvolvimento humano), PIB (produto interno bruto), receita bruta, quantidade de municípios da microrregião, sem contar a facilidade de acesso viário e de serviços.
Para se ter um ideia, tamanha é a discrepância entre os dois municípios que, após a indicação de Água Branca como sede da nova diocese, a prefeitura local enviou um projeto à câmara municipal, onde nele constava a doação de dois terrenos para a construção de parte da estrutura física que o município ainda não dispõe para tal fim, o que levaria bem mais tempo para que tudo estivesse em perfeitas condições de se iniciar uma nova diocese. Vemos aí, uma clara demonstração de envolvimento político em projetos religiosos, diferentemente de Valença, na qual a iniciativa partiu da Confraria do Divino Espírito Santo, tendo o apoio de toda comunidade católica valenciana, que sonha com esse título desde os década de 1960, quando da visita pastoral do então arcebispo de Teresina Dom Avelar Brandão Vilela ao município, que tinha como pároco o padre Raimundo Nonato de Oliveira Marques, que, talvez, tenha sido o maior defensor da criação da diocese valenciana há cerca de mais de 50 anos.
Vale lembrar que na noite do último sábado (15), o arcebispo de Teresina, Dom Juarez Marques presidiu uma missa na paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Água Branca – PI, para anunciar, oficialmente, o plano de criação da nova diocese, que foi comunicado em todos nos canais de comunicação da arquidiocese. Em conversa com a nossa reportagem, uma das membras da comissão defensora do projeto da diocese de Valença, Suzana Nogueira, afirmou ainda acreditar no êxito do projeto: “Apesar de já ter sido encaminhado a indicação de outro município que não Valença, nós acreditamos que a nunciatura apostólica e Roma serão bem mais criteriosos e observarão todos os fatores e aspectos de maneira justa, observando o princípio da sinodalidade, tão defendido pelo nosso Papa Francisco. Nós vamos até as últimas instâncias da nossa igreja e temos fé que vamos conseguir o nosso objetivo“, afirmou. Enfim, como diz o ditado popular, enquanto houver 1% de chance, haverá 100% de fé. Vamos aguardar os próximos desdobramentos deste tema que tem sido um dos mais comentados no meio católico valenciano e piauiense. Com a palavra, a Santa Sé, no Vaticano, dela virá o veredito final. Clique nos links abaixo e veja dois videos feitos na cidade de Água Branca, com a presença de políticos locais, juntamente com o arcebispo Dom Juarez Marques, comemorando a “conquista” do município como sede da nova diocese, em datas anteriores a audiência feita em Valença em dezembro de 2024.
63084795-95b6-4ccd-a8aa-6ed1e0a16b38
744ff161-e778-4646-b978-20f47afab84c
Vejo com muita tristeza a decisão de nosso Arcebispo. Claramente agente entendi o que se espera dessa decisão, o povo de Deus sempre foi sofrido com muitas injustiças dessa vez não foi diferente.