A ex-vereadora Íris Moreira declarou nesta última quinta-feira (21) apoio ao pré-candidato do PT a prefeitura de Valença, Leonardo Nogueira. O anúncio da ex-parlamentar aconteceu em um clube de um bairro da cidade. Durante toda a semana, dezenas de militantes dos partidos de oposição divulgaram em suas redes sociais que iria haver, nas palavras dos próprios, uma “grande adesão” ao grupo oposicionista, mas, não citaram nomes, deixando boa parte do público apreensivo sobre quem seria a dita adesão.

Com o fim do mistério, a repercussão não foi a esperada, visto que Íris já havia deixado o grupo do prefeito Marcelo Costa no primeiro ano da administração, quando ocupava o cargo de secretária municipal de governo, pasta esta, ligada diretamente ao gabinete do prefeito, e, a partir daí, passou a fazer severas críticas ao prefeito e ao seu governo, já dando claros sinais de que não voltaria mais a fazer parte do governo.

Logo após as eleições estaduais de 2022, passou a dar apoio a pré-candidatura do médico Lucas Raoni, também recém-saído do grupo do prefeito Marcelo Costa, situação esta que permaneceu durante todo ano de 2023, chegando até fazer lives semanais nas suas redes sociais ao lado de Raoni. Para a surpresa de muitos, Lucas Raoni, acabou desistindo de sua pré-candidatura, por discordar da forma como se deu o processo de escolha da chapa de oposição, que tem Leonardo Nogueira como candidato a prefeito e o ex-deputado federal Marllos Sampaio como pré-candidato a vice-prefeito.

Mas, o fato que realmente chama a atenção da população é o fato de que no ano de 2018, durante o seu mandato de vereadora, quando fazia severa oposição ao desastroso governo da então prefeita Ceiça Dias, Íris denunciou o então secretário de saúde, Leonardo Nogueira, junto a Polícia Federal e a Controladoria Geral da União (CGU), por irregularidades supostamente cometidas com aluguéis de carros na curta gestão de Nogueira na secretaria de saúde de Valença, chegando até a declarar a imprensa e em suas redes sociais à época que estava sofrendo ameaças de Leonardo, não especificando quais, tendo, inclusive, que contratar segurança particular para protegê-la, pois não se sentia segura depois das supostas ameaças. Leonardo sempre negou as acusações, sendo que o processo, até onde se sabe, ainda não foi transitado em julgado. Também chama a atenção o fato de Leonardo Nogueira ter o mandato de vereador cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2019 por fraude às cotas de gênero cometidas nas eleições de 2016 e ainda ter sido punido com oito anos de inelegibilidade, sendo este fato um dos mais comemorados e ironizados por Íris Moreira durante seu mandato de vereadora, onde a mesma os chamava de vereadores cassados, o que causava a ira dos seus adversários.

Quando esteve à frente do seu mandato de vereadora entre 2017 e 2020, depois de obter a expressiva votação de 899 votos, se tornando a segunda vereadora mais bem votada da história de Valença e conseguindo um considerável protagonismo, liderando uma oposição pequena e fragilizada por sucessivas derrotas eleitorais, Íris Moreira perdeu espaço no cenário político, principalmente após deixar o governo municipal e tendo como estopim da sua perca de espaço, a vexatória votação dada aos deputados apoiados pelo seu grupo político, onde ambos receberam menos de 200 votos cada

Soa estranho também para os eleitores o fato de Íris ser ferrenha defensora do ex-presidente da república, Jair Bolsonaro, inimigo número um do PT. Em suas redes sociais, chegava a bater de frente com internautas na defesa do ex-presidente. A paixão política por Bolsonaro era tão forte ao ponto da mesma ir pra frente do quartel de polícia pedir intervenção militar no Brasil, após a derrota de Bolsonaro para o atual presidente Lula em 2022, ato este convocado pelos militantes bolsonaristas em todo país, inconformados com a derrota eleitoral, o que causou aplausos de uns e repúdio e chacota de outros.

Como vemos, a política nem sempre é feita de forma clara, ou seja, o que ontem era ruim pra mim, amanhã poderá ser bom e vice-versa, ultrapassando o limite da coerência e razoabilidade, fundamentais em qualquer circunstância. Esse, talvez, seja um dos pontos cegos de uma democracia. Como dizia o estadista alemão Oto Von Bismarck: “Quanto menos os cidadãos souberem como se fazem as salsichas e as leis, melhor dormirão a noite.” Na política é da mesma forma, é bom mesmo não querer saber. Com a palavra o povo, verdadeiro dono do voto e da razão.

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