O TCU (Tribunal de Contas da União) julgou irregulares as contas do ex-prefeito Arnilton Nogueira, por não comprovar a aplicação dos recursos repassados ao município de Novo Oriente do Piauí pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), visando a adequação de estradas no município. A sessão de julgamento ocorreu no dia 21 de maio e o ex-gestor foi condenado a devolver aos cofres da União Federal o valor de R$ 593.962,92 (quinhentos e noventa e três mil, novecentos e sessenta e dois reais e noventa e dois centavos) em valores atualizados, monetariamente.

O ex-prefeito foi alvo de Tomada de Contas Especial ao não concluir as obras e serviços objeto do convênio, tendo a obra ficado inacabada, já que os serviços executados não foram suficientes para atingir os objetivos acordados. Os fatos apurados indicam que as obras foram executadas parcialmente, não atingindo o que foi traçado no ajuste, sem quaisquer benefícios à sociedade.

Vale lembrar que no último mês de março, Arnilton Nogueira, juntamente com o ex-prefeito Marcos Vinícius e mais 756 gestores, tiveram seu nomes publicados numa lista do TCE (Tribunal de Contas do Estado) , a chama “lista negra” do tribunal pela rejeição de contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas por irregularidade insanável e por decisão irrecorrível ao próprio órgão, ou seja, não cabe mais recursos junto ao próprio órgão administrativo.

O desfecho jurídico em que se encontra o ex-prefeito Arnilton Nogueira, segundo os bons entendedores da política novo orientina, nada mais é do que a consequência de sua fiel e obstinada fidelidade as orientações vindas do ex-prefeito Marcos Vinícius, seu padrinho político, que lhe hipotecou apoio nas eleições de 2016, como seu sucessor na prefeitura municipal, contra a vontade de uma parte de seu grupo político, que via na então vice-prefeita Socorro Veloso o melhor nome a época para sucedê-lo, pois desfrutava de notável avaliação popular, fruto de sua grande prestação de serviços a sociedade novo orientina.

Marcos Vinícius, foi incisivo na escolha de Arnilton, pois sabia que, sendo eleito, teria ali uma extensão do seu mandato, uma espécie de robô, que obedeceria fielmente aos seus comandos. Sabendo da dificuldade que seria aquela eleição, e alertado por alguns de seus assessores e também pelo fato de ter como adversária naquela eleição a ex-prefeita Rita Lopes, que na época ainda desfrutava de um certo apelo popular, Marcos Vinícius se utilizou de uma estratégia ousada em se tratando de uma eleição em cidade pequena e chegava em todos os cantos do município dizendo: “Vote no Arnilton como se fosse em mim”, pois desfrutava de uma grande aceitação nas suas duas administrações, e colou a sua imagem na imagem do seu candidato em todos os atos da campanha por menores que fossem. Socorro Veloso foi, mais uma vez, a candidata a vice-prefeita.

Veio a eleição e os resultados comprovaram a força que ainda detinha naquele momento, pois Arnilton foi eleito com 54% dos votos, o que, o que representou 716 votos de diferença sobre Rita. Estava comprovada ali, um fato, a eleição se deveu, única e exclusivamente a estratégia criada por Marcos Vinícius, somando-se claro, a força do poder, do qual comandava.

No entanto, após tomar posse como prefeito, o que menos se viu no município, foi a presença do prefeito, que quase não andava no munícipio, entregando os cargos mais estratégicos da administração para pessoas ligadas a administração anterior, principalmente, o controle das finanças públicas, que passavam pelo crivo de Marcos Vinícius, o qual não abria mão de ser o prefeito de fato do município. Arnilton, por sua vez, aceitou de bom grado ser o prefeito do “faz de contas”, pois tinha ganho “de bandeja” o comando do município.

O resultado de tudo isso, foi o caos que se instalou no município, com salários atrasados, sede da prefeitura e outros órgãos públicos com fornecimento de energia cortados por falta de pagamentos, saúde precária, quase nenhuma obra construída, contas bloqueadas e a imagem de destruição do município propagada nos quatro cantos do estado do Piauí, como um dos maiores desastres administrativos já vistos até então.

Por incrível que pudesse parecer, Arniton colocou seu nome mais uma vez para a avaliação nas urnas, novamente com a presença massiva de Marcos Vinícius em sua campanha. No entanto, desta vez, como se diz popularmente, não teve milagre que desse jeito, a presença de Marcos Vinícius não fazia mais o menor efeito e o povo rejeitou de forma categórica a desastrosa gestão de Arnilton, que foi derrotado pelo bioquímico Afonso Sobreira, que apesar de ser de família tradicional, tendo seu pai, Raimundo Sobreira, governado o município por três oportunidades, conseguiu unir toda a oposição e imprimiu um discurso de conclamação aos munícipes para que se libertassem das amarras políticas provincianas e pensassem no futuro da cidade. A população atendeu ao apelo e Afonso foi eleito com quase 65% dos votos, frente aos menos de 35% conferidos a Arnilton Nogueira, o que representou, aproximadamente 1200 votos de diferença, se configurando como uma das maiores diferenças de votos da história política de Novo Oriente. Acabava-se ali 12 anos de poder do esquema de Marcos Vinícius no município.

Hoje, em Novo Oriente, em pleno ano eleitoral, a figura de Arnilton Nogueira, politicamente, é insignificante e sem expressão, não tendo qualquer representatividade e chegando ao ponto de em certas aparições públicas, nas poucas que ainda participa, ser visto ao lado de pouquíssimas pessoas, bem diferente dos tempos em que governava o município. Para muitos, a situação em que Arnilton se encontra, só tem um culpado, o ex-prefeito, Marcos Vinícius, que pretende retornar ao comando do município nas eleições deste ano, pois era ele quem “dava as cartas” na gestão de seu afilhado político. Por outro lado, partidários ligados a Marcos Vinícius tentam a todo custo se desvincular da imagem de Arnilton, para não herdar a altíssima rejeição do mesmo, que é histórica e dizem nos quatro cantos que o candidato não é Arnilton e sim, Marcos Vinícius. A pergunta que não quer calar: Porque Marcos Vinícius não se candidatou em 2020, já que seu afilhado estava tão mal avaliado à frente do município? Porque, mesmo assim, resolveu apoiar a reeleição de Arnilton? São perguntas que deixam muitas dúvidas no ar. Estaria Marcos Vinícius com medo de perder a eleição naquele ano e ver seu capital político jogado na lam?  Fica esse questionamento no ar.

Marcos Vinícius nesta eleição, terá uma disputa bem diferente das anteriores, pois não contará mais com a máquina pública a seu favor, além de enfrentar um prefeito bem avaliado, que conseguiu, com muito esforço, colocar a cidade nos “trilhos”, como se diz popularmente, depois de receber um município arrasado e assolado, administrativamente, pela gestão anterior. Segundo pesquisas, as quais o nosso veículo de comunicação teve acesso, Afonso Sobreira desponta como franco favorito, obtendo confortável vantagem para conquistar um novo mandato à frente do município de Novo Oriente. Com a palavra o povo novo orientino, verdadeiro dono do voto e do poder.

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